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Representatividade: comunicação responsável

Eu tenho falado muito sobre representatividade com os meus colegas e talvez seja por isso que a foto da Adele causou tanto impacto: o que ela representa para muita gente. Quando eu, enquanto profissional de nutrição, escolho ter uma mídia social e divulgo não só o meu trabalho, como parte da minha vida – e eu acredito nessa aproximação e em ter mais “humanidade” na profissão, eu preciso ser

esponsável pelo o que posto e comento.

Essa conversa tive por horas com a minha amiga Juliana Leite, uma psicóloga porreta! Refleti demais sobre isso e me veio que esse isolamento social tem esfregado na nossa cara, essa tal de representatividade.


Quando uma tal de blogueira fitness posta um “F*d*-s* a vida” deixando muitas pessoas escandalizadas é porque pela primeira vez, entenderam o impacto que ela enquanto “figura pública” (de desserviço) pode gerar com uma atitude dessas. O que me causa espanto são as inúmeras postagens de antes feitas por ela, que nem sequer chamaram tamanha atenção das pessoas que buscam por “saúde” (exceto para quem está na bolha que estou – bodypositive, comportamento alimentar, transtornos alimentares. Não entenda bolha como pejorativo, ok?).


Nem vale eu exemplificar aqui as sugestões feitas por ela, não preciso espalhar mais ideias de comportamentos típicos de transtornos alimentares sugeridos por ela, como maneira de manejo de peso, ou incentivo ao desconforto e ódio do próprio corpo, sugerindo comer em frente ao espelho, nua, como se a sua forma corporal fosse motivo de vergonha eu mandatório para passar fome.


Além dela, nossa atual (Maio 2020) Secretária da Cultura, cantou músicas oriundas da ditadura militar em uma entrevista, e não entendia o motivo pelo qual deveria soltar nota públicas referente ao falecimento de grandes nomes da cultura brasileira. Segundo ela, não fazia sentido tal condolência uma vez que ela não conhecia pessoalmente tais artistas e poderia soar falso.


A questão não é ela, mas o cargo que ela assume e a sua representatividade enquanto personificação da cultura brasileira. Fazer publicamente condolências, não é uma questão pessoal, mas honrar e reconhecer enquanto representante da cultura brasileira – e não CPF – as contribuições valiosas desses artistas para o nosso país.


Quando falamos em representatividade, estamos falando que um Presidente, cujo símbolo é fazer uma arma com as mãos, está normatizando diante de seu povo, condutas violentas. A justificativa “é só uma brincadeira” não cabe.


Não adiante postarmos loucamente sobre “corpos não serem comentados” – mesmo que eu concorde com isso. Nós comentamos, nós olhamos e julgamos sim! E é através dessa exposição que podemos refletir sobre inúmeras condutas e ideologias que vemos por aí. Não estou defendendo a exposição e os comentários como benéficos ou “preço pago” para reflexões, mas acho bastante raso só falarmos “corpos não devem ser comentados” e “Ela faz e posta o que quiser”.


Prefiro concordar com “Ela/ele posta o que quiser” e concordo com “Corpos não devem ser comentados”, mas aprofundando a questão: nós, como coletividade, grupo, sociedade, buscamos referência (mesmo que deva ser interna), buscamos liderança e norte. Veja, não estou defendendo tal atitude, mas temos ídolos, escolhemos pessoas que nos representem e temos admirações por certas personalidades.


A partir do momento que uma pessoa tem a sua figura como pública, a partir do momento que o que ela faz é divulgado, ela ganha o ônus da responsabilidade de sua representatividade. Ninguém aqui foi adolescente? Pois é.

Antes de ficarmos no raso do “Não comente corpos” ou “Ela posta o que quer”, precisamos discutir a nossa RESPONSABILIDADE enquanto indivíduo DENTRO da SOCIEDADE / COMUNIDADE.


Somos indivíduos sim, únicos, cada um paga sua conta, mas compomos um coletivo, que deve ser olhado e tratado com respeito. Nesse coletivo temos uma enorme diversidade, e isso precisa começar a ser refletido e incorporado.

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